instituto projetos ambientais, em revista

O efeito dos raios gama nas margaridas do campo


The Effect of Gamma Rays on Man-in-the-Moon Marigolds


O inverno de 2010 terminou ontem, no Brasil, marcado por um forte 'verão'.

Muito calor, e ainda em grande parte do país as chuvas não vieram, dado ao seu fluxo natural. Variantes 'não convencionais' determinam uma nova realidade climática. Sem dúvida, o aquecimento global é um delineador indesejável, e tem-se mostrado nos trópicos brasileiros. 

Muitos elementos fortalecem, assim, o tema ambiental como uma área inseparável das demais dimensões da ciência e dos métodos científicos. Fortalecendo-se como 'oportunidade' complexa para novos profissionais. De maneira nenhuma, se projetou uma agenda ambiental, como deveria, em caráter preventivo, postulando na realidade brasileira um sólido 'projeto ambiental' - modelo para a liderança em sustentabilidade. Não agregamos as facetas conceituais do Desenvolvimento Sustentável para os projetos práticos, reais, conciliadores da teoria.
Não é apenas um balanço de final de inverno, já se pode traduzir um balanço pós-Copenhague, deste ano de 2010.

O principal e mais absurdo retrocesso, está sem dúvida, no projeto de mudanças da Lei do Código Florestal brasileiro - um dos mais fortes instrumentos de proteção das matas, dos recuros hídricos, de áreas de proteção indispensáveis para garantia justa de ecossistemas e biodiversidade. A 'política' brasileira, no entanto, achou o velho Código Florestal velho demais e numa manobra ruralista elaborou uma nova proposta de lei. Não se considerando todavia, que a própria natureza, é mesmo velha, veio bem antes de nós. Não há que se modernizar limites já restritos para as posturas do país, em detrimento de pouca fiscalização e o paradigma de que 'os recursos naturais são infinitos'.

No último dia 16, a Universidade Estadual de Campinas - Unicamp, discutiu a reforma do Código Florestal. Evento em que o coordenador do Programa Biota/Fapesp, Carlos Alfredo Joly, professor do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, fez uma retrospectiva histórica do Código Florestal e da Legislação Ambiental: explicando que se o projeto proposto por um deputado, que ainda não foi votado no Congresso, for aprovado, além dos problemas ambientais, poderá acarretar perdas econômicas para a população: “Aumentam a erosão superficial, o assoreamento e a quantidade de defensivos agrícolas que chegam aos rios”. Estes problemas podem originar um aumento no custo de tratamento da água e na geração de energia elétrica". Sem contar na dificuldade ambiental traduzida em 'remediar' ao invés de 'prevenir'. A farmácia ambiental é muito onerosa e, pacientes da UTI não costumam sair sem sequelas. Basta olhar para as enchentes que assolaram o Brasil desde o início do ano.

Gostaríamos de complementar, sobre pontos como a compensação por retirada de vegetação: na nova proposta para o Código Florestal - a ser compensanda por 'biomas'. Sendo que, desde instrumentos legais para a pauta ambiental e mesmo para os recursos hídricos, considera-se a unidade físico-territorial de gestão sendo a 'Bacia Hidrográfica'. Um contra-senso esse novo projeto de Lei.
Usando este exemplo, que afetará não apenas os projetos ambientais de fato, mas ferindo os próprios conceitos sistêmicos - da ecologia, da engenharia hídrica, da geomorfologia, do planejamento ambiental, ora pois, arremetendo o tema ambiental para uma situação de que 'qualquer coisa vale'. "Demoramos tanto para incorporar o conceito de Bacia Hidrográfica, agora alguns políticos chegam para dizer, não é bem assim as coisas não precisam ser na Bacia Hidrográfica? O que é isso?"
Os profissionais, realmente inseridos na questão ambiental, enquanto ciência, enquanto área do conhecimento transversal às outras ciências, deverão posicionar-se veementemente contra esta reforma no Código Florestal - não por opinião de crítica (nossa ou sua), mas por postura conceitual - ocasionalmente destituída pelo propósito político. Como se estivessem querendo destituir as ciências naturais. Não que não se possa, mas não somente sem consequências. Por vezes sérias demais. Conceitos levam anos, décadas, séculos para serem formulados, em critérios muito fortes e orientadores para os problemas de realidade ambiental. Não se destitui a teoria da prática sem consequencias.

Remete-nos, por este texto, a outras postagens anteriores, em que traçamos elementos 'da antítese ambiental pelo poder da cultura política' - neste blog - na tentativa de elucidar sobre o que consideramos "Psicologia Ambiental". Pudesse isso ser tema também na sociologia, em que para o contexto politico, chama-se coloquialmente de 'lixo autoritário'. Isso, dizemos, de impor novas regras em desfavor da fragilidade ambiental a que já alcançamos.

Daí escolhemos propositadamente o título desta postagem, como suplementar à busca por explicações aos comportamentos irracionais do homem diante do meio ambiente. Ou seria 'a revolta humana ao seu espelho'? É. Pois nascemos da água, somos 70% ou mais constituídos de água, envelhecer é um processo de desidratação, o alimento vem do solo e da água... o que mais? a existência da vida é sustentada nos recursos naturais. E quer se revogar uma lei que protege as florestas e então a água!? No mínimo não é natural.

Neste balanço de inverno e de 2010, o Brasil está sendo posto ao avesso para os avanços ecológicos - pelo poder da cultura 'política', diga-se.

O EFEITO DOS RAIOS GAMA NAS MARGARIDAS DO CAMPO - texto de Paul Zindel premiado em 1971, tangencia a questão ambiental pelo viés da psicologia - cada vez mais necessária e próxima dos comportamentos coletivos, em declínio, por decisões de grupos restritos (mas humanos) que afetam a qualidade de vida da sociedade. No caso deste texto, Zindel trata da discussão sobre as relações familiares entre uma mãe e duas filhas adolescentes, de sonhos perdidos, da dificuldade em viver a realidade nua e crua. O autor utiliza a experiência da exposição das margaridas aos raios gama como metáfora da própria vida desta família. Uma discussão sobre o indivíduo como produto do seu meio, produto dos seus próprios raios gama, onde uns têm capacidade de sobreviver e outros são destruídos. No fundo, uma discussão sobre o estado de “meia-vida” onde todos nos movemos, gastando a energia "quantum" para sobreviver e encontrando no dinheiro o meio e objectivo de vida. Só se sonha o impossível, nunca se concretiza.

Sobre os raios gama: "De acordo com os pesquisadores, uma gigantesca quantidade de raios gama emitida pela explosão de uma estrela - o fenômeno é a mais poderosa explosão conhecida - teria atingido a Terra por dez segundos, o suficiente para acabar com metade da camada de ozônio do planeta. Estudo sobre que, a recuperação da proteção levaria anos, e os raios ultravioleta emitidos pelo Sol teriam sido responsáveis pela destruição da maior parte da vida existente na Terra - basicamente plantas - e próxima à superfície de oceanos e lagos - animais e plânctons -, afetando grandemente a cadeia alimentar." Dizem que foi verdade.
Da Psicologia, em adendo: Freud (e a libido), Melanie Klein (e a melancolia), Winnicott (e a independência), estão centrados no 'eu' como objeto de estudo - o ego, o alter-ego, o narciso e os complexos. E nisso consiste os fundamentos da psicologia: a História da Psicologia; entre outros autores tão importantes.
- No meio ambiente a questão é justamente sair do 'eu', não esquece-lo (como se pudesse), mas leva-lo para o grupo, ou seja,  ir na direção do 'nós'. Ao exemplo de "O efeito dos raios gama nas margaridas do campo" - insere-se oportunamente aos novos projetos o 'inconsciente coletivo' de Jung e vários desdobramentos da criação de um novo campo na Psicologia - o ambiental.

Em forma de sintetizar um desfecho do texto para esta, digamos, "reflexão", preferia fundamentar Wilhelm Reich: na sua obra referência "A função do orgasmo", em que analisa os efeitos da respiração no ato sexual sobre o indivíduo, onde Reich chegou à conclusão que seu uso harmonizaria o corpo físico, com implicações na própria mente, normalizando o fluxo de trocas com o meio, pela correta absorção do orgônio. Na natureza as coisas são orgônicas, interagem-se, polinizam-se - organização, organismo, orgasmo.

No Brasil, podemos citar Roberto Freire, discípulo de Reich, e uma de suas obras (melhor seria ler toda a obra): A Farsa Ecológica. Vale ainda citar o texto de Mariano Neto: "A informação ambiental como banalidade do discurso é uma tentativa de conectar os limiares da pós-modernidade com a super informação, seus veículos em rede e todo o emaranhado de contradições do presente."

Um pergunta: O que leva o comportamento humano a rebelar contra o meio ambiente (seu próprio combustível)? Se explica?
- No texto de Zindel uma das duas irmãs desenvolve um projeto sobre os raios gama para uma feira de ciências, a partir de onde desperta reações no conflito familiar - como representação, se pensa, de questões individuais, felizes, amargas, culposas, esquizofrênicas ..., e, que existem sim - até nas melhores famílias!

"Possa ser que o meio ambiente seja bem simples.
Complexas talvez, sejam algumas inteligências humanas -
ou a ausência de orgones suficientemente necessários
para a felicidade sua, nossa e, por vez, coletiva.
Esses, são os chamados 'orgones ambientais'."


Ficamos por aqui!
Aliás, a primavera vem aí!

PS: as fotos são originais - a) Veredas; b) Ipê Branco

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