instituto projetos ambientais, em revista

Por que uma ciência ambiental?

"A ciência não pode prever o que vai acontecer. Só pode prever a probabilidade de algo acontecer."
                                                                                                                                (César Lattes)


        É importante ficar claro, antes de se entender a ciência ambiental, o que é propriamente 'a ciência'.
Sobretudo que, a ciência existe e é desenvolvida para melhorar a vida humana, das pessoas, de todos nós.
Um exemplo são as vacinas, que aumentam a longevidade de nossa vida, dando proteção ao organismo.
Muitos outros exemplos existem, em diversas áreas do saber, como tecnologias em saúde, segurança, mecânica, engenharias, biologia, geografia, humanidades, outras.
Cada tema do conhecimento tem métodos e condições peculiares de experimentação e avanços científicos.
Assim, "A Ciência é um conjunto de eventos sistematizados de forma a interpretar e inferir (concluir com lógica) sobre respostas fenomenológicas (dos fenômenos)". Isto pois nas distintas áreas do conhecimento.

A Ciência Ambiental surge diante das inúmeras alterações nos ecossistemas naturais, pela ação humana e que, em correspondência, exige compreensão criteriosa, às respostas que estas interferências e deformações nos ambientes naturais podem causar, diante do uso contínuo, prolongado e não planejado, sobre a qualidade e própria saúde humana e equilíbrio dos ecossistemas.


Os ambientes naturais, cada vez mais estão sendo destruídos, alterados e o equilíbrio entre as espécies vivas e o homem, sendo complexamente deformado. As ciências ambientais então, surgem, como um dos campos científicos mais intrincados e sistêmicos, ao objetivo de estudar, analisando estas interações entre ambientes antrópicos (do homem), ambientes naturais por localizações geomorfológicas, e também estas integrações de ambientes.

Vale agora relembrar o próprio conceito de Meio Ambiente = que deriva de dois vocábulos latinos = AMB + IRE ocasionando AMBIRE = o que vai ao redor de, à volta de. A palavra MEIO é adicionada ao propósito de dar uma conotação geométrica, espacial, no entendimento de 'ir á volta de'. Ou seja, pontuar no espaço essa ideia 'de ao redor de' que ocorre por + 'meio'.


As ciências ambientais - com base na Ecologia - se ampliam nas especificidades de muitos temas, como o solo, a vegetação, a água (qualidade e ou quantidade), o ar, o clima, a fauna, a flora, a hidrogeologia, a hidrologia (já como ciência que estuda a circulação de água na natureza), o planejamento ambiental, o gerenciamento, as tecnologias de tratamento do solo, da água, de eventos químicos, entre tantos outros temas.


Aqui no Blog "Projetos Ambientais", em outras postagens, já se falou do Planejamento Ambiental como uma ciência e não apenas como ferramenta, já entrevistamos uma das maiores planejadoras e especialista - autora do livro Planejamento Ambiental: teoria e prática.
Neste momento, reporta-se ao que diz o Planejamento Ambiental: estar em consonância com as distintas vertentes - científica, técnica, política e comunitária - ao se desenvolver um projeto e assim, para que o mesmo tenha capacidade de se sustentar ao longo do tempo.
A ciência ambiental é de profunda importância, especialmente por ser uma ciência transversal às outras dimensões científicas e temas de pesquisa. Portanto também, um dos objetivos no espectro de elaboração de projetos ambientais. Ou em ciências correlatas.

O envolvimento do tema ambiental é atual e de função duradoura. Mesmo tendo nascido, na realidade brasileira, de cima para baixo. O que quer dizer que Universidades de excelência, no Brasil, desenvolveram programas de especialização e pós-graduação antes mesmo da criação de cursos de formação superior - como bacharelados e licenciaturas.
Um exemplo oportuno é a área de Recursos Hídricos. Existem programas de pesquisa sólidos, mas ainda não temos uma Engenharia de Recursos Hídricos, ou cursos técnicos e de tecnologia.

Para onde vamos neste texto? Para uma discussão que o Blog acabou por refutar ao longo destes últimos meses. Realmente não era pauta uma matéria sobre o óbvio e, puramente político ao revés da ciência e da lógica sobre sustentabilidade - o trágico projeto de Lei - nO Brasil - para revogar o Código Florestal.

Logo agora, durante a sedimentação da primeira década do início do século - com tantos avanços científicos - sobretudo na agricultura e pecuária. A Embrapa Brasil se firmou solidamente, neste década, como propositora de pesquisa de qualidade e tecnologias sustentáveis.
Mesmo assim, um grupo político, aqui no Brasil, defende a destituição de um dos mais efetivos instrumentos legais ambientais - o Código Florestal vigente. O argumento deste grupo é que a Lei é antiga e se precisa modernizar. Ora pois, modernizar então significaria ir na contramão dos avanços tecnológicos, em contrariar definições e orientações científicas. Por que então uma ciência ambiental?

Essa pergunta é muito oportuna aqui - Por que uma ciência ambiental?
A nova proposta do Código Florestal - em primeiro lugar não contempla o que mais é de moderno na realidade ambiental brasileira - a gestão participativa. A comunidade não foi exposta a um envovlimento, com destaque para as comunidades científicas e comunitárias. Em segundo, qual o critério teórico e científico que reza que ao incorporar reserva legal (RL) à área de preservação permanente (APP) irá garantir estoques de reservas hídricas sustentáveis? A reforma propõe ainda que propriedades com até 400 ha não precisariam recompor vegetação desmatada (ou seja, dar anistia para estas propriedades).

Não parece mesmo absurdo se propor a discutir isto? Em plena Infoera, em pleno diganóstico da realidade sobre o aquecimento global e mudanças climáticas?
Mais ainda, no início de se compreender o que de fato é o Desenvolvimento Sustentável - nem isto ainda está assim tão claro.
O grupo político que defende o colapso para a vegetação e preservação hídrica, aqui no Brasil, ainda se gaba de dar revés às terminolgias científicas - sobre o que propõem ser o que se chama de Desenvolvimento Sustentável.

Vamos usar um exemplo para explicar a controvérsia (ou desconhecimento) que se tenta fazer como o termo 'Sustentabilidade' proposto no relatório "Nosso Futuro Comum", citado em 1983 e preconizado em 1987.
Visitando outros blogos com especialidade no tema ambiental, chegou-se a um blog com textos realmente bons e técnicos - em uma das revistas semanais mais importantes do Brasil. Porém, neste blog visitado, em meio a tantos textos ótimos - encontramos um (texto) em que o autor diz que:
-"ambientalista" não! isso não, ele não era de jeito nenhum, era sim um "Desenvolvimentista pela Sustentabilidade" - mas nunca um ambientalista.

Bem, a partir do uso incredúlo do jornalista sobre "não" ser ambientalista, cabe explica: pós Rio 92, em Estocolmo (1983) em encontro de pesquisadores e profissionais e estudiosos em Meio Ambiente - se cunha o termo "Desenvolvimento Sustentável": como aquele que irá garantir em quantidade e qualidade as  reservas naturais capazes de suprir as necessidades das gerações futuras. Em estoque igual ou superior aos atuais.

Possa assim entender que qualquer profissional ou estudioso que se faz usar do termo "Sustentabilidade" em maior ou menor escala, de forma direta ou indireta, explicíto ou implícito, está se referindo a um tipo de desenvolvimento que tem o objetivo - em maior ou menor escala, de forma direta ou indireta, enfim - de preservar, recuperar ou conservar o Meio Ambiente. O Meio Ambiente é a base para a Sustentabilidade.
Caso contrário se incita a um erro conceitual.

Meio ambiente, sustentabilidade e ambientalismo estão juntos sobremaneira.

O que faz os propositores de reforma no Código Florestal é ainda muito pior que um erro conceitual - estão propondo manter a ausência de vegetação (RL) em propriedades menores - mas e a água, os rios, lagos? Em propriedades menores se pode deixar de preservar e proteger os rios às condições mínimas? além dos ecossistemas terrestres, aquáticos...(e a definição de interação em bacias hidrográficas) - desaparecem os conceitos?
É apenas um exemplo no absurdo.

Parece que não há tom coerente - o que se propõe, em certas leituras sobre o projeto de mudança do CF, é senão crime ambiental (a se querer legalizar). Vai-se mudar também todas as leis correlatas a um projeto anti-sustentabilidade?
E como fica a sinergia entre a lei ambiental e a legislação de Recursos Hídricos, por exemplo? Ao caso de se usar apenas o tom político excluindo-se o científico e comunitário.

E o é ainda pior quando não se considera a opinião científica.
Para a professora Helena Bonciani Nader, presidente da SBPC, a votação do texto nas condições atuais seria extremamente danosa para o país. “Se acontecer a votação, terá sido a primeira vez que uma legislação ambiental será aprovada sem a participação da ciência”, criticou. A íntegra da matéria clique aqui.


Outra questão discutida na proposta contida no relatório apoiado pelos ruralistas (o grupo político), que prevê a diminuição das áreas de preservação permanente (APPs) às margens de rios e em topos de morro, “representaria grande perda de proteção para áreas sensíveis”, segundo o documento divulgado pelos cientistas. A íntegra do documento clique aqui.
Para mudanças na legislação que protege as florestas e matas em propriedades agrícolas no Brasil, segundo os cientistas, seria preciso ainda pelo menos mais dois anos de discussões.

Existe um estudo apresentado pela comunidade científica, o qual  foi resultado de 10 meses de trabalho de cientistas, professores e pesquisadores de instituições como SBPC, ABC, Inpe, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e diversas universidades. Também passou por revisões realizadas por outros cientistas que não participaram do estudo, de modo a assegurar o cumprimento das etapas necessárias à validação de uma pesquisa científica.

Nesta postagem fica destaque à importância em se fazer, com qualidade, Educação e Ciência no nosso país.

Um exemplo de ciência ambiental - oportuno - é a Hidrologia: a ciência que estuda a circulação de água na natureza.
Muito importante para a agricultura, áreas urbanas, enfim trabalha com séries probabilísticas sobre regimes de precipitações (chuvas) - e está sendo cada vez mais necessário seu aperfeiçoamento científico e novos estudos - já que o comportamento de chuvas tem sido modificado. Mudar para pior a paisagem de vegetação em propriedades agrícolas é prejuízo certo para os irrigantes, por exemplo. Parece um tiro no pé.
Mesmo porque países que compram produções agrícolas brasileiras primam pela Sustentabildiade - na maioria dos casos, e é uma tendênica irrefutável.

O Brasil é o único país no planeta, ou o que melhor tem condições, estrutura, realidade e herança ambiental, para ser pioneiro e exemplo para o que se conceitua como "Desenvolvimento Sustentável".

Agora, neste momento da história, dizer que o que se deseja fazer com 'a reforma do código florestal' é para melhor, isto não é. Muito pelo contrário, é uma proposta de falência quanto ao Brasil ser um país ecologicamente prudente e propositor mundial de Sustentabilidade.

Outra coisa: - ingenuidade (desse grupo) também não é!

Fica a pergunta: - Por que uma ciência ambiental?

A resposta, no caso exposto: - nem há que ser cientista para a previsibilidade. Não é mesmo?


Será que tinha razão o escritor modernista Oswald de Andrade, ao dizer:

"O Brasil é uma República Federativa cheia de árvores e gente dizendo adeus".  

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